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É CERTO DAR DINHEIRO PARA A IGREJA? – PARTE XVI

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa


Acerca do dízimo, há quem diga que, embora devamos contribuir para o caixa de uma igreja local, chamar as contribuições de dízimo é totalmente inadequado, pois tal termo pertence ao vocabulário do Antigo Testamento. No entanto, penso que essa compreensão está equivocada. Porquanto, não existe um vocabulário exclusivo da antiga aliança. A bem da verdade, a linguagem neotestamentária é praticamente a mesma do Antigo Testamento. Não há solução de continuidade. Afinal de contas, o Novo Testamento é construído sobre os alicerces do Antigo. Um exemplo bem claro dessa afinidade fraseológica é o termo “culto”, o qual, conquanto se origine no contexto veterotestamentário (Êxodo 12.25,26), é usado pelo apóstolo Paulo para referir-se à adoração cristã coletiva (Romanos 12.1). O mesmo acontece com as palavras oração, unção, fé, pecado, graça, louvor, glória, entre outras. Até mesmo o título “Messias” (Cristo, no Novo Testamento) é de origem veterotestamentária! Por conseguinte, é indevida a conclusão de que há impropriedade na utilização de termos nascidos no ambiente da antiga aliança. Até porque, se assim fosse, os escritores do Novo Testamento teriam incorrido num grave erro.
Não obstante, diante da explanação acima, alguém pode objetar, apontando a diferença de idiomas entre os testamentos como um impedimento para essa argumentação; haja vista que tal distinção constitui uma dificuldade para a correspondência linguística. Porém, embora o Antigo Testamento tenha sido redigido em hebraico e o Novo em grego, existe uma maneira de verificar a correspondência dos termos. Basta comparar o Novo Testamento grego com a Septuaginta (Tradução da Bíblia hebraica para a língua grega). Ao fazê-lo, verificar-se-á que as palavras supracitadas são as mesmas em ambos os testamentos. Isto é, trata-se da linguagem bíblica, e não de um vocabulário exclusivo do Antigo Testamento. Ademais, levando-se em conta que o termo “dízimo” também aparece no Novo Testamento, o mesmo não pode ser considerado como parte de uma linguagem técnica exclusivamente veterotestamentária. 
Outrossim, é importante notar que, à luz do registro bíblico, é bem provável que Jesus fosse dizimista. Até porque, no contexto da lei, ninguém estava isento do dízimo. Até quem o recebia tinha de dizimar (Números 18.25-29)! Logo, se o Ele não dizimasse, seus inimigos prontamente o teriam acusado de transgressor da lei, como fizeram em diversas ocasiões no tocante à suposta profanação do sábado. Aliás, conquanto tenha ensinado seus discípulos a não jejuar (Marcos 2.18-22), Ele nunca os ensinou a não dizimar. Ao contrário, mesmo tendo o direito de não pagar o imposto do templo (taxa instituída pelo Senhor na lei mosaica – Êxodo 30.12-14; 2Crônicas 24.6,9), por ser o Filho de Deus, abriu mão de Sua prerrogativa para não causar escândalo (Mateus 17.24-27). Com isso, fica bem claro que o Mestre nunca visou interesses e conveniências pessoais. Por isso, não considerava ultrajante dar dinheiro para a manutenção da atividade religiosa, mesmo que não precisasse dar.
Portanto, ainda que para alguns seja difícil aceitar a prática do dízimo, não podemos dizer que Jesus enfrentou tal dificuldade. Na verdade, Ele não via problema algum em dar dinheiro para a manutenção da estrutura religiosa do judaísmo, mesmo que discordasse das atitudes de seus líderes. Tanto, que, ao criticar a religiosidade farisaica, não condenou o dízimo e nem as ofertas; apenas os acusou de exagerar na cobrança e na observância da legislação mosaica referente ao dízimo, enquanto negligenciavam as exigências mais importantes da lei (Mateus 23.23).
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles



 










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